Com um aumento expressivo, os casos de hepatite A na cidade de São Paulo levaram o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde da Prefeitura a emitir um alerta epidemiológico. Dados mostram que, de janeiro a 28 de setembro, foram diagnosticados 225 casos na capital paulista. O número equivale a 55,2% em relação ao ano passado e é mais do que a soma de todos os casos detectados nos dois anos anteriores. No ano de 2022, foram registrados 145 casos, e 61 em 2021.

De acordo com a série histórica, que teve início em 2007, o ano de 2023 já é o terceiro ano com mais casos, atrás apenas de 2017, que teve 684 casos, e 2018, que registrou 483 casos de hepatite A.

Além de São Paulo, outros municípios do país têm feito alertas semelhantes sobre o avanço da hepatite A. A cidade de Florianópolis, no sul do país, também é alvo dos números alarmantes. Desde o início do ano, mais de 100 pacientes já foram diagnosticados com a doença, um aumento de mais de 900% em relação aos 11 casos registrados no ano passado. A capital gaúcha, Porto Alegre, soma pelo menos 117 casos este ano, um aumento de 508% em relação aos 23 registros do ano passado.

Em julho, um levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED), que representa os laboratórios privados do país, já mostrava que esse aumento ocorre em âmbito nacional. No primeiro semestre de 2023, as unidades diagnosticaram 1.567 casos, 56,2% a mais do que os 1.003 da primeira metade de 2022.

73,3% das infecções até agora foram em homens, e 71,6% na faixa etária de 18 a 39 anos. A fonte da contaminação é considerada desconhecida na grande maioria dos diagnósticos (73,8%). Em outros 15,6%, foi associada a alimentos/água. Já 6,2% foram ligados ao ato sexual, e 2,2% ao uso de drogas.

Com o aumento dos casos, as autoridades públicas entram em estado de alerta, e a baixa cobertura vacinal entre adultos que não tiveram a doença na infância e entre os mais jovens é um dos fatores preocupantes para os especialistas, pois dessa forma o vírus continua em circulação até alcançar as populações suscetíveis.

Reportagem: Ana Beatriz Mello